Ela e a outra, a aloprada, entram no trem do metrô em N.Y., logo depois entra um rapaz que senta logo à frente. O trem vazio, não dá para resistir, o moço era realmente bonito. Comentários em português, claro.
- Nossa, como é lindo!
- Este eu pegava.
- Eu também pegava!
- Esse eu não deixava escapar, eu levava pra casa.
- Deve ter um tanquinho de arrepiar ali em baixo.
O rapaz com cara de paisagem!
Elas estavam seguras de que ele não estava entendendo uma palavra.
O Trem para na estação, o rapaz se levanta e antes de sair diz:
- Obrigada pelos elogios.
Vira-se e vai embora.
No outro dia, ela e a aloprada novamente, na fila do banco começam os olhares, a paquera, o sorriso torto e meio tímido. Um moreno lindo e ela olha e ri, e olha e desvia o olhar e olha de novo. Puro flerte. Ela toda assanhada, entusiasmada. Mas não passou de olhares, chegou a hora de ir embora.
À noite, na festa de uma amiga brasileira, a campainha toca, a amiga atende, abrindo à porta e quem está lá parado diante dela?
Sim, o moreno lindo que ela paquerou no banco.
E com cara de paisagem ela apresentou os filhos e o marido.
Enquanto isso, no Brasil, mais especificamente em Belo Horizonte, eu pego o ônibus, lotado, e travando a roleta, procurando o dinheiro, um moreno alto, magro, usando uma calça xadrez, uma camisa estampada, uma echarpe listada rodeando toda a cabeça e descendo até o pescoço e chinelos havaianas!!!
Até agora eu não entendi, não me conformei, foi quase a visão do inferno!
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