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18/04/2011

Mês de Maio...


Eu estou presa no caixão com minha mãe e as pernas úmidas dela encostam-se às minhas, eu não consigo abrir o caixão, grito, mas minha voz não sai. É minha mãe eu não devia sentir medo, eu sei que ela está morta e eu estou viva, eu preciso sair e não consigo!

Eu olho fascinada para o castelo e entro. Em uma sala úmida e mal iluminada tem um caixão. Eu vou me aproximando lentamente, sinto frio e tento me aquecer com meus braços. De repente o caixão abre e a minha mãe pula pra fora dele toda sorridente e falante andando em minha direção! Eu estou em choque, um misto de alegria e perplexidade. Ela não devia estar ali e eu tento explicar a ela, que apenas ri. Eu choro, tenho medo, estou confusa, não sei o que dizer nem o que fazer.

Pesadelos! Eu acordo gritando e suando.

A dor não dorme e volta em sonhos de medo, enquanto me pergunto: por quê? Por que vocês morreram?

Eu sonho.

Mamãe sorri, está bonita, me mostra um livro que na capa tem uma flor vermelha e ela me diz que está tudo no livro abrindo-o e folheando-o por alguns segundos. Fecha o livro com um baque surdo de páginas que se encontram e me diz que não está na hora de eu ler aquele livro. Um dia, ela diz, mas não agora, me dá um beijo e vai embora.

Nos dias de solidão e dúvida eu pergunto: Pai onde você está? Por que me abandonou?

Eu sonho.

Estou em uma montanha de grama bem verde e ao longe vejo o mar calmo. Meu pai chega dirigindo a velha caminhonete, abre a carroceria e me chama pra deitar com ele ao sol. Ele me abraça e conversa comigo enquanto o sol nos aquece. Parece que estamos ali há mais de 10 horas, o sol não queima, não arde, só aquece. Eu acordo feliz e sinto que meu corpo está quente.

Os sonhos me alimentam.

O telefone toca e eu atendo, é meu pai me contando que arrumou um novo emprego, que está feliz, está bem, que conseguiu seguir em frente. Como em um filme eu o vejo em uma cidade estranha, cheia de carros, a caminhonete parada em frente ao telefone público. Eu pergunto pela mamãe e ele me diz que ela também está feliz, mas que agora vão seguir caminhos diferentes, vão trabalhar separados porque já se resolveram. Ele encerra dizendo que por este motivo vai ficar muito tempo sem vir me ver. Ele desliga o telefone, entra no carro e vai embora. Eu acordo. Ele se foi.

Os anos passam e eu nem sinto. Casa, filhos, marido, emprego, sonhos que eu não lembro que sonhei. Vida corrida.

Um baile, uma festa, roupas lindas e ele vestindo uma camisa impecável e azul a me sorrir. Sonho rápido demais, nem deu pra sentir.

Há poucos dias eu sonhei de novo.

Eu estou em um posto de gasolina à beira de uma estrada, voltando da praia quando os vejo. Ele está lindo, mais novo, em boa forma física. Ela está lindíssima de batom vermelho e eu reparo que os dentes dela não estão machados de batom. (É um sonho e mesmo assim eu tenho tempo de ver seus dentes. Ela gostava tanto de batom que passava até nos dentes). Sorrindo eu pergunto: Vocês? Aqui? Eles retribuem o sorriso dizendo que vieram porque estavam preocupados que nos perdêssemos na estrada e por isso seriam nossos guias. Ele diz para suas irmãs irem à frente que ele vai segui-las e eu entro no carro com meu marido e com eles. Eu estou tão feliz! Eles estão ali. No carro da frente minhas irmãs erram o caminho e ele me diz para buzinar e gritar para elas voltarem pro caminho certo. Eu sinalizo, elas voltam para o caminho. Algum tempo depois elas sobem uma rua e desaparecem. Eu me sinto perdida, mas ele me indica o caminho a seguir e me pede para parar e esperar porque logo elas chegarão ali e a viagem pode continuar porque ele vai nos guiar. Quando olho para a estrada elas estão se aproximando do lugar onde estávamos esperando.

Eles estavam tão lindos! Às vezes era ele, às vezes o Jack Bauer. Às vezes era ela, às vezes era a Elizabeth Taylor, mas eles eram a minha mãe e o meu pai.

Eu acordo agitada e olho o relógio, são 5 horas. Acordo meu marido só pra lhe dizer que tive um sonho incrível com meus pais e volto a dormir feliz.

O celular toca indicando que começou o dia. Eu logo me jogo na rotina, varrer, limpar, arrumar, e de repente como um raio de luz eu me lembro do sonho, corro pro telefone pra contar para as “meninas”.

Pode ter sido um sonho, uma vontade, uma saudade, tanto faz! Foi um sonho bom, bom demais!

Vem ai o mês de Maio.

Saudades dos meus pais.

 







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