Esta console que hoje é meu altar, foi feito pelo meu pai há muito, muito tempo atrás, ali ficava o telefone e o catálogo telefônico, isso ainda existe?
Como é chamado pela minha cunhada, O Telegrafista tem um quarto só pra ele.
A minha cama foi feita pelo meu pai e eu adoro ter espaço suficiente para toda a minha bagunça.
A bancada da cozinha para abrigar mais uma gabuncinha!
O cantinho de lanche, quero ver se vão lanchar lá, quero ver, quero ver...Querido Diário,
Ontem foi o meu primeiro dia de férias.
Logo no primeiro dia de trabalho em janeiro eu já começo a contar ansiosamente a chegada de dezembro para ter as minhas férias de volta. Eu passo a ano inteiro pensando que em dezembro eu tiro férias, eu trabalho para tirar férias.
Primeiro dia e eu fiz faxina! Mas não foi uma faxina qualquer, foi uma faxina pós obras, aquela definitiva, que tira os restos e cimento, areia, rejunte, na tentativa desesperada de tirar qualquer vestígio da presença dos pedreiros.
Claro que não entrei nesta empreitada sozinha, eu convidei a Cecília para me “ajudar”.
Cecília é uma negra de quase quarenta anos com corpinho de 16, cabelos longos de trancinha e uma força sobrenatural para limpar uma casa, criar cinco filhos, quatro dela e a sobrinha que perdeu a mãe de repente e trabalhar fora, tem uma força sobrenatural para sorrir o dia inteiro e ajudar todo mundo. Os filhos da Cecília quando juntos parecem uma gangue diferente, são crianças alegres, sempre muito limpinhas, arrumadinhas, cheias de responsabilidades e atividades no projeto da Vila onde moram. Dançam, cantam, tocam instrumentos, dão show de educação e participação. Ajudam os vizinhos e ganham até uma comissão por seus trabalhos.
Eu conheço a Cecília há 12, e ontem não foi diferente, trabalhamos juntas, porque ela não é a minha faxineira, é minha amiga, veio me ajudar e ficamos 12 horas limpando, arrumando, expulsando a sujeira. Ela esfregou o chão da casa inteira, que força tem esta mulher! Trabalhamos e fofocamos, para o primeiro dia de férias, foi bom!
Depois de tudo arrumado a casa ficou com cara de casa! Aqui dentro (lá fora é outra história), já não parece mais um canteiro de obras. Com a ajuda das cunhadas que chegam, trazem enfeites e acessórios para a casa, se divertem decorando, batem palmas, me abraçam e vão embora felizes da vida, temos enfim um lar, simples, arrumadinho e não muito organizado, mas agora bem limpinho!
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