O kit sobrevivência foi fundamental para o sucesso da missão.
Marido arrumou sanduíches, chips, água, refrigerantes, gatorade e fomos para Pedro Leopoldo, cidade a mais ou menos 40 km de BH, para o campeonato mineiro de judô. Horário de chegada, 10h30min para a pesagem. Luta marcada para as 13 horas. Estádio lotado, arquibancadas de cimento e um desfile interminável de kimonos.
As 13 horas eu já não suportava mais o calor. Nesta hora eu comecei a desejar que a gordura que insiste em residir na minha barriga fosse transferida para a minha bunda! Eu já nem via mais luta nenhuma. Deitei! Indo contra todos os meus princípios eu deitei no cimento, a perna do marido era o travesseiro. Abri o livro A VOLTA, de Bruce e Andréia Leininger com Ken Gross e comecei a ler. Quem me viu chorando percebeu que não era pela luta que corria solta no tatame lá em baixo. O livro é muito interessante, conta a história de um menino que aos dois anos começou a relatar fatos da 2ª Guerra Mundial. Mas não era sobre isso que eu estava falando, era? Não. As 14 horas eu já odiava judô e se pegasse um daqueles juízes eu aplicaria um golpe inédito que entraria para a história dos campeonatos. Eu já estava irritada demais para ver qualquer luta, já bastava a minha para sobreviver! As 15 eu já não queria mais nem ler o livro interessante. As 16 eu comecei a sentir cheiro de óleo queimado, depois achei que era cheiro de bolinho de chuva(sonho), mas fiquei na dúvida se era de peixe frito. As 17 horas o Sam entrou no tatame e eu esqueci de tudo, era só olhos para o meu garoto lutando lá em baixo. Todas as orações para que ele não se machucasse, apesar de que ele sabe lutar também. Medo de que pegasse alguém muito mais forte que ele. Nada mais importava senão ele ficar bem, se dar bem. E ele lutou bem. Foi uma fera para cima do adversário. Era o meu garoto lutanto, fiquei super orgulhosa.
Quando ele sentou para esperar pela outra luta eu consegui sentar novamente e relaxar um pouco. Mas 1 hora depois ele ainda aguardava ser chamado para a outra luta, foi quando chamou o pai e disse:
- Desisto pai, eu estou cansado, esgotado, com sono, com fome, já está anoitecendo e ainda falta muita gente para lutar antes de mim. Vamos embora.
Sam não ganhou medalha porque não ficou para disputar a última luta, mas voltou feliz. E foi assim que eu acabei meu sábado despejada no sofá, completamente exausta, tentando me recuperar e entender porque eu não tenho bunda mas tenho barriga!
MM´s
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