Tolerância!
Talvez eu devesse ser mais tolerante com Dicesar, assim como ele devia ter sido mais tolerante com Dourado.
Talvez a Lia devesse ser mais tolerante com todos.
Talvez seja preciso tolerar a Caps Lock e a voz da Maroca para enxergarmos qualidades nelas.
Talvez kadu esteja sendo tolerante demais e não existe no mundo real toda esta tolerância.
Talvez Dourado devesse ser mais e mais e mais tolerante com o universo que tão bem conhece e por isso mesmo muitas vezes, tolera.
Talvez o Boninho devia ter sido mais tolerante até com a chapinha do Serginho, hoje ele não se sentiria tão sozinho.
Talvez falte tolerância aos discursos do Bial, dos dois lados, do narrador e do ouvinte, aquela tolerância que o Bial não teve com o Eliéser.
Tem gente que tolera as bandeiras coloridas e não tolera o mundo masculino. Tem quem é obrigado a tolerar toda e qualquer atitude colorida porque senão vira homofobia.
É, talvez nós devêssemos ser mais tolerantes com as opiniões divergentes.
Eu já não sei se a palavra certa é tolerante ou se é talvez...
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Depois de tentar tolerar a intolerância, eu achei um texto do Diogo Mainardi que li e achei bem interessante, ele diz:
"Tenho uma opinião sobre tudo. Ao longo dos anos, notei que minhas melhores opiniões são aquelas em que desconheço completamente o assunto. Já me flagrei dando quatro ou cinco opiniões contraditórias sobre o mesmo tema. O que importa num profissional da opinião, como eu, não é o grau de fidelidade a uma idéia, mas a capacidade de defender duas coisas opostas ao mesmo tempo. E nisso eu sou um mestre. Houve um tempo em que eu não era desse jeito. Tinha poucas opiniões sobre poucos assuntos. Eram opiniões firmes, categóricas, que não admitiam réplicas. Podia-se notar em mim um certo fanatismo. Depois comecei a ganhar dinheiro com minhas opiniões. E o que era convicção, virou trabalho. Tornei-me uma pessoa melhor. Mais elástica. Mais livre. Menos pedante. Menos assertiva. Hoje em dia, só dou opinião sobre algo mediante pagamento antecipado. Quando me mandam um e-mail, não respondo, porque me recuso a escrever de graça. Quando minha mulher pede uma opinião sobre uma roupa, fico quieto, à espera de uma moedinha. O brasileiro tem opiniões demais. Joga opiniões fora como se não valessem nada. Como se houvesse um estoque infinito de opiniões. A oferta abundante deprecia o mercado. Piora a qualidade do produto. Vivemos num país em que qualquer idiota se sente no direito de disparar suas bobagens, porque ninguém vai se dar ao trabalho de ouvi-las. Eu, por causa do meu trabalho, aprendi a dar um justo valor às minhas bobagens. Elas sempre vêm acompanhadas pelo preço. Elas têm etiqueta e código de barras. Querendo uma, é só tirar da prateleira, botar no carrinho e passar pelo caixa."
E eu pergunto: Quer pagar quanto?
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