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22/08/2010

A Minha Primeira Vez!



A primeira vez a gente nunca esquece!

É como o primeiro beijo, o primeiro amor, a primeira vez na internet, a primeira briga no blog, o primeiro cabelo branco. Tudo tem sua primeira vez, e a minha primeira vez aconteceu semana passada e eu não gostei.

Foram 48 anos, 11 meses e 15 dias, é muito tempo para não viver um momento de angústia. O momento que sempre evitei, sempre tive medo de viver. Eu não sabia exatamente como eu reagiria quando acontecesse, agora eu sei. E sei também que certas experiências são para pessoas tranquilas e equilibradas. Pessoas que conseguem respirar sob pressão e não são hipertensas.

Eu já enfrentei 13 cirurgias, já tomei tanta anestesia geral que não sei como não sou viciada. Quando vou ao médico, logo depois de entrar no consultório, enquanto ainda estou tentando me sentar eles já estão me olhando de um jeito esquisito, com um meio sorriso nos lábios enquanto me dizem:

Tem que operar!

Mas nesta época eu não era hipertensa. Aliás, a desculpa de ser hipertensa é ótima, tudo faz minha pressão subir, inclusive a primeira vez que fiquei presa dentro de um elevador. Juro, se eu soubesse planar, voar eu aprendi e vou contar como, ou se não fumasse e se não me importasse de não sentir mais as minhas pernas, eu subiria e desceria todos os 11 andares de escada.

Eu sei que eu não sou uma pessoa tranquila e equilibrada eu só não sabia que podia ser mais descompensada do que já sou. Quase histérica, na verdade completamente histérica.

Não foram mais que dez minutos. O elevador parou entre o vão e a parede da garagem do prédio no segundo andar. Alguém apertou o botão de “socorro estou preso nesta merda”, sei que haviam mais pessoas comigo lá dentro, mas identifiquei apenas um colega de departamento, e o porteiro respondeu que ia dar uma olhadinha.

Começou o meu pânico: Como assim ele vai dar uma olhadinha? Olhar eu já olhei, estamos presos! Eu quero é sair daqui. Acho que falei muito rápido e muito alto e apesar de estar de olhos fechados, achei que todos estavam rindo de mim.

De olhos fechados continuei e comecei a contar minha respiração e pensar:

- Eu não vou entrar em pânico, eu não estou entrando em pânico, o ar não vai acabar, estas pessoas vão parar de respirar o meu ar!

Eu só percebi que estava pensando alto quando ouvi os risinhos que já não eram abafados, foi quando a porta abriu e o rapaz que estava na frente saltou pra fora. Quando o segundo foi saltar a porta fechou em cima dele. Eu acho que gritei: Ai meu Deus isso vai dar merda! Acho que os outros também pensaram o mesmo porque pararam de rir imediatamente.

Quando eles conseguiram abrir a porta novamente e liberar o rapaz, seguraram ela com bastante força e meu colega gritou pra mim: Vai Marise, sai! Eu não pensei duas vezes, eu nem pensei, eu simplesmente saí lá de traz do elevador, me abaixei para passar e voei para o chão. Eu nem sabia que podia voar e bater no chão com os dois pés e ainda ter pernas pra correr. Assim que meus pés encontraram o chão eu saí correndo, disparando pelas escadas e resmungando e eu sei que tinha gente falando e rindo, de mim ou pra mim, sei lá, não fiquei pra saber! Eu queria era sair dali.

No outro dia eu voltei e peguei o elevador porque eu tenho medo de ficar presa, mas tenho muito mais preguiça de subir escadas.

Me conta a sua primeira vez? Mas é a primeira vez que passou por um momento que não queria passar, ok?


 







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