Você já se pegou chorando sem saber por quê?
É claro que sim, e também é claro que sabe por quê. Pode ser por um tudo ou por um nada.
Apesar de preferir rir, ontem eu me vi chorando compulsivamente.
Eu estava assistindo a uma comédia! Sim, sim, uma comédia americana chamada Scrubs que contava a trajetória dos médicos em um hospital. Não é fácil fazer graça dentro de um hospital, mas eles conseguiram durante 8 anos.
E durante 8 anos eu ri, porque assim como eu choro fácil eu tenho o riso solto.
Mas assistindo ao último capítulo da temporada e a despedida oficial do ator principal, Zack Braff eu chorei. Chorei pelos 8 anos que passei com o Dr. Dorian e as suas alucinações, chorei pelas risadas que eu dei e os momentos mágicos quando tudo fica tão distante da sua realidade e você aprende a gostar do personagem e a entrar nas alucinações dele. Alucinamos juntos.
Estranho mesmo é perceber que jamais derramei uma lágrima por algumas pessoas que deixei pelo caminho ou que me deixaram. Acho que é preciso muito mais para sentir um adeus dito ou não. Talvez as personagens se infiltrem muito mais dentro de mim do que as pessoas reais. Talvez seja porque os personagens não vão jamais me afetar na vida real, mas as pessoas sim, e muitas vezes com requintes de crueldade.
Eu sabia que não chorava apenas pelo final do meu personagem favorito nem mesmo por sua última alucinação cheia de momentos muito felizes, chorei um pouco por mim, por tudo, por todas as coisas, pelas expectativas, as frustrações, os medos, os sonhos, pelos meus filhos, pelo futuro incerto. A despedida na verdade só abriu as portas para lágrimas presas.
E depois que eu chorei bastante eu me senti à vontade para voltar a sorrir.
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